26.1.11

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Há 4 anos e meio saí de Portugal para viver na Holanda. Como qualquer pessoa, a decisão de deixar a família, amigos, o ambiente que nos é familiar e conhecido e a sensação de conforto que da ter uma rede de apoio por perto, não me foi fácil.
Pesou a vontade de explorar o mundo um pouco mais alem das fronteiras nacionais, experimentar outros ambientes e outras culturas. Não estava particularmente feliz no meu trabalho e a oportunidade surgiu. E decidi agarra-la. Parti.

Os primeiros meses não foram fáceis, não foram simples nem óbvios; as diferenças culturais fizeram-se sentir e demorou algum tempo ate me sentir em casa na minha nova casa. Mas esse dia chegou. E comecei a sentir-me bem onde estava.

Não tinha quaisquer planos de regresso a Portugal no curto ou médio prazo. Mas já se sabe que a vida é perita em pregar-nos partidas e para 2011 estava reservado o regresso a Portugal.

Custa-me horrores deixar uma cidade que adoro, amigos que fiz por lá e que me vão fazer imensa falta, colegas que embora meio malucos, eram adoráveis e faziam parte do meu mundo.

Para começar tudo de novo numa cidade que embora em Portugal, não é a cidade em que cresci.

E a par do peso do desafio que me traz de volta e da felicidade que me traz a proximidade (relativa, mas bem mais perto do que estavam antes) dos que me são queridos, surge o medo sincero... será que me consigo voltar a habituar a viver em Portugal?

A boa comida e bom tempo serão de re-habituação imediata, não tenho duvidas. Mas e os buracos na estrada? A falta de civismo entre desconhecidos? A falta de paciência geral em virtude de dias longos e complicados? A falta de planeamento urbanismo e de espaços verdes? O transito caótico e o estacionamento selvagem? O papão da crise...


Não quero perder os bons hábitos que ganhei e que, já sei, serão difíceis de manter por cá. O tentar sair a horas decentes de ainda beber um café numa esplanada ao final do dia de trabalho, o aproveitar as exposições e oferta cultural `a volta, visitar museus, passear, arranjar tempo para fazer novos amigos. Não ser dependente do carro e levar um estilo de vida mais saudável e equilibrado.

No fundo, será que me vou sentir uma estrangeira em casa?  O tempo o dirá...

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4 and half years ago I left Portugal to live in Holland. Like anyone else, the decision to leave family, friends, the environment that is familiar and known and the feeling of leaving the comfort zone and my support network was not easy. But the desire to explore the world outside national borders, experience other cultures and other environments outweighed the fear. Was not particularly happy in my work and the opportunity arose. I decided to go for it.

The first months were not easy, simple or obvious, I felt all the stuff we hear and read about cultural differences and it took a while to feel at home in my new home. But that day came. And I started to feel good.

I had no plans to return to Portugal in the short or medium term. But we know that life is known for playing tricks and 2011 and was destined to be year that I would return to Portugal.

It will be painful to leave a city I love, I made friends in and I will immensely miss my colleagues that although half crazy, were adorable and part of my world.

And I start all over again in a city that despite being in Portugal, is not the city I grew up in. And along with the weight of the challenge that brings me back and the happiness from being closer to my family and Portuguese friends, the fear creeps in... will I feel like I'm home in Portugal?

Good food and good weather will be help, I have no doubt. But the bumps and holes in the roads? The lack of civility among strangers? The general lack of patience due to long days and worries? The lack of urban planning and green spaces? The chaotic traffic and savage parking? The bogeyman of the crisis ...

I don't want to lose the good habits that I have and that I know will be difficult to keep. The attempt at working civilized hours and still have the energy to grab a coffee or drink on a terrace at the end of the workday, go watch a show, visit a museum or exhibition and enjoy the cultural offer... taking time to make new friends.

Not be dependent on the car and live a balanced and healthy lifestyle. Basically, will I feel like a foreigner at home? Will I survive reversed culture shock?!

Time will tell ...

5 comentários:

  1. Mas que honra em ser o primeiro a comentar aqui!!! Estava à espera de um blog com o título "Bíber na Inbícta (carago)" ;-)

    Tenho vivido uma experiência semelhante a tua, embora a oportunidade/bilhete de regresso ainda não tenha chegado.

    Estou certo que vais (novamente) vencer este novo desafio.

    All the best!
    Frankie.

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  2. Oh pa, o Frankie chegou primeiro!! :D
    Lembrei-me que estas ao lado de Serralves. Se quiseres uma visita guiada e explicada pela menina mais doce q conheco e em quem peguei ao colo (com mto orgulho) diz-me. Ela faz restauro de pecas de arte
    Contemporanea, percebe a poootes disso e e' mto interessante a visita q ela faz. E e' um excelente prospecto de amiga :) beijos e ... Desejo-te a aterragem mais suave possivel.

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  3. Olá. Ainda bem que "cedeste aod apelos dos teus seguidores.

    Bem-vinda ou melhor bem-regressada.

    bjs,

    SP

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  4. Bem vinda e espero que te adaptes depressa mas acredita que as diferenças no civismo e educação etc se vão notar...mas adaptamo-nos a tudo não é?
    Beijinhos e tudo a correr bem
    São

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  5. Frankie,
    Alguém tinha de estrear a casa. E tenho de manter a linha editorial, não posso assim chamar-lhe o que me apetecer (poder até podia)...
    Obrigada

    Andorinha,
    visitas guiadas é para quando conseguir respirar, mas obrigada pela dica!

    Storm,
    Obrigada.Os pedidos ajudaram a que decidisse comunicar a sua existencia, mas o blog foi criado quando tomei a decisão de partir.

    São,
    Obrigada, claro que se nota, mas nem tudo cá é pior do que lá, nem penses nisso...

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