18.4.11

Cidade do Cabo III (a cidade)

A cidade do Cabo surpreendeu-me. Não correspondeu, de todo, as minhas expectativas.
Esperava ver uma cidade Africana. Vi outra coisa.
Pensava que ia encontrar uma cidade relativamente suja, confusa, com prédios velhos e desorganizada, perigosa e hostil. Encontrei uma cidade limpa, com avenidas abertas, bastante limpa, cosmopolita e acolhedora. Vastas partes da cidade faziam-me sentir na Europa, não sei bem explicar a sensação. Talvez fruto do passado colonialista (Holandês e Inglês, claramente visíveis por toda a cidade) e do apartheid, o centro pareceu-me, de facto, «branco-colonialista», não sei bem explicar. Tudo me parecia pouco África. Com excepção do Bo-Kaap, um distrito bem perto do centro que é caracterizado pelas suas casas coloridas (como forma de manifestação pós apartheid, quando os pretos e coloured (raças mistas) foram autorizados a regressar às suas casas) e em que tive uma sensação de bairro mais real, a cidade é muito Europeia e o centro da cidade é bastante pacífico. Não me aventurei de noite sozinha, andei sempre com companhia local ou experimentada (por precaução) e embora ache que tenha feito bem, fico com a sensação que poderia ter-me aventurado mais sem dissabores. Fui a uma discoteca no 31º andar de um edifício e, a par das vistas magníficas, impressionou-me a quantidade de mulheres (devia estar distribuído 50/50 entre homens e mulheres) e a produção generalizada. Eu era, de t-shirt, calças de ganga e sapatos rasos, a mulher mais (mal) vestida (mas de longe).
Fora da cidade, nas townships (o equivalente a favelas ou bairros de lata, que se estendem por kilómetros e kilómetros), a situação é bem diferente. Alguns destes bairros surgiram no apartheid e foram fruto da necessidade de alojar milhares de pessoas num curto espaço de tempo, havendo um espírito de comunidade e entreajuda forte mas outros são fruto de vagas migratórias em que a insegurança e violência reinam.
Também descobri que o filme District 9 só pode ter sido inspirado na Cidade do Cabo (ainda não confirmei)… o aspecto do District é idêntico ao das townships e, na Cidade do Cabo, há um District 6 muito famoso por ter sido dos primeiros a ser esvaziado na era do apartheid.
África do Sul é o país, no mundo, com maior clivagem entre os mais ricos e os mais pobres (tendo ultrapassado o Brasil). O salário mínimo é de 3500 rands (cerca de 350 euros) mas a taxa de desemprego ronda os 40%. Nas zonas nobres as casas custam facilmente 100 milhões de rands (10 milhões de euros). Assustador.
Fui a um supermercado para ver preços (sou estranha, eu sei) e achei-os equivalentes aos de Portugal. As contas de restaurantes e cafés também são semelhantes às que se praticam por cá. Não é, portanto, um sítio especialmente barato.
As pessoas eram simpáticas e sempre prontas a meter conversa.  











4 comentários:

  1. Q engraçado, pelas fotos não é de todo como eu imaginava. Interessante.

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  2. Vagueando pela wikipedia, descobri que o District 9 foi filmado em in Chiawelo, Soweto (a lower middle class populated urban area of the city of Johannesburg in Gauteng, South Africa.
    SP

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  3. Andorinha
    Eu tive exactamente essa sensação. Não sei se imaginavamos a mesma coisa, mas o que vi não era de certeza.

    Storm,
    Falhei na cidade, mas acertei no País! Obrigada

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  4. Uma township verdadeiramente impressionante é Khayelitsha, que vi só de passagem e nem me pareceu tão mau quanto isso.Não entrei para ver a realidade da coisa, tenho noção, mas estradas alcatroadas e luz eléctrica são muito mais do que o que se vê nos musseques de Luanda.

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